Live como estratégia pedagógica inovadora

Vou compartilhar uma experiência com você, experiência esta que vivenciei com alunos de enfermagem no ano de 2020, no auge deste momento que estamos vivendo com o ensino remoto. Eu fiquei buscando uma forma de inovar mesmo neste método de ensino e também de motivar os estudantes. Percebi em conversas com a turma que eles estavam bem desanimados com o ensino online, afinal de contas, a depender de como este ensino remoto seja orientado por nós professores, ele pode se tornar uma tarefa muito solitária para o estudante e, consequentemente, desmotivante.

Fique pensando, buscando, e então tive a ideia de propor a eles uma atividade em formato de lives. Estava todo mundo fazendo live naquele momento, e às vezes, para sermos motivadores temos que surfar nas ondas que estão à nossa frente. E eu pensei, porque não! Lives precisam ter temáticas definidas, não é uma atividade simples, para acontecer é preciso sistematizar o conhecimento, sintetizar ideias. Têm a vantagem que não precisam ser feitas em grupos grandes, mas podem ser feitas em parcerias com dois, três colegas. 

Após alguns dias de aulas fiz a proposta a turma.

Uma coisa é importante na metodologia inovadora: é fazer acordos com os estudantes, não impor a realização das coisas. Fazer com que eles vejam a importância, a necessidade, os benefícios. E foi apresentando isto a eles, dando um tempo para pensarem e decidirem que fiz a proposta. 

A turma aceitou, a princípio, um tanto relutante, cheios de medos e receios. Dentre eles, se destacou o medo de enfrentar a câmera. Sim, sabemos que não é fácil, que é uma habilidade a ser desenvolvida, que nem todos estão dispostos e prontos para isso. Este é um aspecto que também é importante observarmos para que respeitemos as características individuais.

Este é outro princípio importante em uma metodologia inovadora:  dar individualidade ao processo de ensino-aprendizagem e respeitar a individualidade.

Uma vez que os alunos aceitaram a proposta, passamos a organizar. Eu fiz uma lista de sugestões de temas para eles, mas deixei também a critério para que eles escolhessem. Alguns escolheram temas da lista e outros pesquisaram e escolheram temas muito relevantes, inclusive, trazendo para a sala de aula, temáticas que estavam sendo trabalhadas por eles em grupos de pesquisa da instituição de ensino. 

Isso enriqueceu muito a atividade, sem contar que a motivação foi outra. É óbvio que falar do que escolheu e do que quer para o aluno é uma forte motivação. Esse é outro princípio importante em uma metodologia inovadora, permitir a escolha do que quer aprender, obviamente que direcionado dentro de uma proposta.

Temáticas definidas, passamos a definir os dias. Não fizemos as lives todas de uma vez. Marcamos ao longo da disciplina e considerando a conveniência para cada grupo de trabalho que era composto por no máximo três pessoas. Eu orientei a construção, cada grupo pesquisava e enviava para mim com antecedência o material de estudo ou o material produzido para a live e eu contribuía, sinalizava coisas a acrescentar ou coisas que eram menos relevantes de serem trabalhadas naquele momento. 

Quando tudo estava pronto, marcávamos um momento antes da live para entrarmos no espaço virtual  e nos organizarmos. Era uma transmissão no youtube via streamyard. Os alunos elaboraram artes com suas fotos e o tema das lives para fazer a miniatura de capa de vídeo; durante a live o tema ficava escrito na tela, assim como os nomes dos participantes, e eu como professora mediava a apresentação dos estudantes.

Mas, além da construção de todo o material de apresentação, a fala era toda deles, tanto que denominamos as lives de “Com a palavra o estudante”. Não era aberta ao público, mas os alunos que se sentiram à vontade convidaram seus amigos, colegas de trabalho, familiares, foi muito legal ver as mães, irmãs, amigos, amigas participando no chat, incentivando os alunos, perguntando e aprendendo. Afinal de contas, quem ali estava com certeza aprendia algo.