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Como elaborar um Estudo Dirigido

Neste artigo você aprenderá quais as vantagens de implementar esta técnica, um passo a passo para sua execução e também como elaborar um Estudo Dirigido.

Conteúdos deste artigo
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    Em que consiste o Estudo Dirigido?

    O Estudo Dirigido é uma técnica de ensino que consiste na elaboração de um roteiro ou um guia para que o aluno estude um determinado tema em toda a sua extensão e profundidade. Quem determina a extensão e a profundidade do que será estudado é o professor, afinal, ele é quem elabora o roteiro. Este roteiro guiará o estudante e, portanto, tem a função de estimular o processo de pensamento e reflexão de modo a garantir aprendizagens. 
     
    De modo geral, as técnicas de ensino são classificadas em individualizantes e socializantes, como os próprios nomes sugerem, na primeira as técnicas de ensino focam na aprendizagem individual e na segunda, prezam por atividades em colaboração entre os estudantes.
     
    O Estudo Dirigido é, a princípio e por muitos autores, classificado como uma técnica individualizante. No entanto, outros autores (com os quais me identifico e concordo), classificam-no como socializante também. Em outras palavras, o Estudo Dirigido é, na concepção de muitos autores e na minha, uma técnica que tanto pode ser utilizada de forma individual, quanto em grupo, e até mesmo, das duas formas ao mesmo tempo: um momento individual e um momento em grupo.
     
    É uma técnica aplicável em qualquer nível de ensino e em qualquer área do conhecimento, apenas necessita de planejamento para sua execução e, obviamente, a presença do professor orientando o estudo. 

    Delimitação de tempo e lugar para o Estudo Dirigido

    Não há uma só forma de organizar um Estudo Dirigido, tanto no que se refere à elaboração dos roteiros, que podem ser de vários tipos, quanto na definição de tempo para sua realização. A única coisa que não vai mudar é o lugar de aplicação. A recomendação é que o estudo sempre seja feito em sala de aula com a presença e o acompanhamento do professor.

    Quanto ao tempo, é necessário ter de 80 a 90 minutos pelo menos para sua realização, sem ocorrerem interrupções. No máximo, o que pode ser feito é um intervalo de 10 minutos após 50 minutos de atividade contínua.

    Se puder ser feito em duas aulas seguidas, melhor é; mas, se não, o estudo pode ser elaborado em um tamanho menor, e a aula dividida em 2 momentos, em um o professor faz uma explanação sintética do tema e no outro o Estudo Dirigido. Quem vai determinar quanto tempo cada momento vai durar é o professor, de acordo com o tema trabalhado e tempo disponível.

    Quais as vantagens de usar a técnica do Estudo Dirigido?

    São 3 as principais vantagens de aplicar um Estudo Dirigido:

    1. Exercitar a autonomia: nesta técnica o aluno é incentivado a estudar sozinho, a aprender por sim mesmo, cada vez mais com menos orientação do professor. O que já percebi pela minha prática aplicando Estudos Dirigidos, é que nas primeiras vezes os estudantes, geralmente, precisam de mais orientação e que, à medida em que a prática se torna corriqueira na prática docente, eles precisam menos de que apontemos caminhos. Começam a aprender por si mesmos e passam a construir seus conhecimentos, procurando o professor apenas quando têm dúvidas ou dificuldades.

    2. Estimular o pensamento reflexivo: o Estudo Dirigido é uma das técnicas com as quais podemos promover o desenvolvimento do pensamento, do pensamento reflexivo, do pensamento crítico. Dessa forma, o estudante desenvolve a capacidade de analisar situações à luz do conhecimento, propor e implementar soluções para estas situações.

    3. Desenvolver a capacidade de investigação: a princípio, o professor precisa ensinar o estudante a investigar, a realizar buscas de materiais de referências que sirvam de base para sua aprendizagem. Com o tempo, o estudante começa a buscar sozinho, pois já conhece o caminho para as fontes e sabe, inclusive, discernir qual é viável e fidedigna.

    Considero o Estudo Dirigido como uma técnica que favorece o APRENDER A APRENDER.

    8 Passos para Aplicar um Estudo Dirigido

    De forma bem sucinta, no post abaixo você encontra os 8 passos que devemos seguir para aplicar um Estudo Dirigido.

    A seguir descrevo a minha experiência com elaboração e aplicação de um Estuo Dirigido e vamos identificando cada um dos passos.

    Como elaborar um Estudo Dirigido? Minha experiência.

    Para elaborar um Estudo Dirigido é necessário que você tenha muito bem organizado seu plano de aula com objetivos de aprendizagem definidos. Com base nos objetivos e no seu roteiro de aula, você irá construir o roteiro que guiará os estudantes na aprendizagem.

    Existem várias atividades que podem ser solicitadas em um Estudo Dirigido, por exemplo: pedir que o estudante leia um material e extraia tópicos relevantes; dar uma situação problema e pedir ao estudantes que apresentem uma série de soluções para ela; responder perguntas que são colocadas pelo professor na lousa; elaborar exemplos sobre um determinado conteúdo ou explicar por escrito determinando assunto a partir de perguntas ou proposições.

    Na minha prática pedagógica ao realizar um estudo dirigido costumo trabalhar ou com questões colocadas na lousa ou com problemas para definição de soluções ou com a explicação por escrito de determinados conteúdosVou te mostrar um exemplo prático de elaboração de Estudo Dirigido que já poderá ser utilizado por você como modelo para construção dos seus. 

    Contextualizando: a disciplina na qual apliquei o Estudo Dirigido foi Atenção à Saúde do Idoso, em um curso superior de Enfermagem. O conteúdo era Síndromes Geriátricas e o objetivo principal da aula era conhecer as principais síndromes geriátricas e um dos objetivos específicos era elaborar um plano de cuidados para atenção ao idoso com síndrome geriátrica. Eu escolhi como técnica o Estudo Dirigido a partir de um caso clínico a ser aplicado em grupo.

    Passo 1 – Elaborei dois casos sobre a síndrome geriátrica Parkinson. Dividi a sala em seis grupos. Três receberam o caso clínico 1 e os outros três o caso clínico 2. Todos continham as mesmas questões de base para estudo, cujas explicações precisavam ser descritas considerando o contexto de cada caso. Por que escolhi dessa forma? Porque para a Enfermagem é importante ter o conhecimento geral da patologia, mas também saber reconhecer as especificidades em cada pessoa para que as assistências seja individualizadas considerando a necessidade de cada pessoa enferma. Nas imagens abaixo estão os casos utilizados.

    A depender dos objetivos de aprendizagem, do tempo que você tem para o Estudo Dirigido, da sua habilidade enquanto professor para aplicar a técnica, e a depender da área do conhecimento na qual você está inserido, você não precisa elaborar casos, pode partir para a construção do roteiro ou das questões norteadoras do estudo. Eu poderia, por exemplo, ter trabalhado apenas com as questões da letra B à letra F, escrita de outra forma para não correlacionar a nenhum caso. Mas, optei por fazer assim!

    Os estudantes haviam sido orientados 15 dias antes a estudarem as síndromes geriátricas e a levar conteúdos de consulta no dia da aplicação do Estudo Dirigido. Nós tínhamos uma tarde com 6 horas/aula, por isso, pude fazer tantas questões. Passo 2 – Na primeira hora/aula eu fiz uma explanação geral sobre as síndromes geriátricas – Alzheimer e Parkinson –  e na sequência – Passo 3 – distribui os casos com as questões para o estudo. 

    Quando você aplica um Estudo Dirigido você pode distribuir o mesmo roteiro de estudo para toda a turma ou pode distribuir roteiros diferentes. Eu fiz uma experiência que deu muito certo: distribui o mesmo roteiro geral para estudo, as mesmas questões, mas cada grupo recebeu uma questão diferente. O roteiro do estudo, portanto, era parcialmente diferente para cada grupo.

    Foram 3 horas/aula de estudo em grupo com um intervalo de 20 minutos (afinal era uma tarde inteira). Passo 4 – Enquanto o estudo acontecia eu passava de grupo em grupo, observando o andamento do estudo, a participação e as contribuições de cada estudante, esclarecendo as dúvidas e fazendo perguntas que instigavam a investigação. Quando via que estavam indo por um caminho diferente do esperado para aquela construção, era a hora da pergunta instigadora, para trazê-los à “rota correta”.

    Passo 5 – Ao final do tempo de estudo, ficamos com 2 horas/aula para discussão e esta foi organizada da seguinte maneira: para não ser repetitivo, já que todos haviam estudado a partir das mesmas questões gerais, cada grupo ficou responsável por explicar uma das questões e após essa explicação, explicar a questão que era diferente para cada grupo. Por exemplo: um grupo explicou a letra A e depois apontou as diferenças entre Parkinson e Alzheimer, que era a questão específica para este grupo, e assim por diante. Os demais grupos participavam complementando e/ou adequando às respostas ao seu caso clínico. Veja as imagens abaixo e você compreenderá melhor a organização. As perguntas em letras maiúsculas eram as diferentes para cada grupo.

    A discussão final foi muito produtiva e, pedagogicamente falando, é o momento onde você percebe exatamente quem estudou, quem leu antes e no momento da aula, quem participou de fato da construção. O envolvimento da turma foi excelente. Passo 6 – Após a conclusão da discussão, abri o momento avaliação para que eles pudessem colocar suas percepções quanto à técnica aplicada e à aprendizagem que construíram. O feedback foi positivo.

    Baixe aqui um Guia para Construção e Elaboração de Estudo Dirigido.

    Como elaborar as perguntas de um Estudo Dirigido?

    Como dito antes, tudo depende dos objetivos de aprendizagem. Você deve observar se eles estão direcionando o aprendizado para a compreensão, a comparação, a inferência, a classificação, a discussão, a definição, etc.

    Segue a lista de possíveis inícios para as perguntas de um Estudo Dirigido:

    • Qual a diferença…?
    • Que mudanças…?
    • Que relação existe entre…?
    • Descreva…
    • O que… ou qual(is)…?
    • O que é…?
    • Sintetize…
    • Resuma…
    • Por que…?
    • Você acha que…?
    • Opine sobre…
    • Sugira…
    • Comente…
    • Liste…

    Passo 7 – Claro que não podemos esquecer da etapa avaliativa. Para isso, eu construí um formulário avaliativo, cujos critérios ali colocados foram informados aos estudantes no início da atividade. Em outro artigo falarei exclusivamente da avaliação.

    Passo 8 – O resultado desta avaliação foi analisado com o objetivo de identificar alguma aprendizagem que houvesse ficado deficiente e retomarmos aquele ponto.

    Então, o que achou desta aplicação de Estudo Dirigido? Já o utilizou nesta perspectiva alguma vez?

    Chamo atenção para o aspecto de que não é necessário que seja feito assim, partindo de um caso e contendo pelo menos uma questão diferente. Você pode optar apenas pelas questões, todas iguais para todos os alunos (caso seja individual) ou grupos de alunos ou por ser diferente para cada grupo.

    Deixe aí nos comentários o que achou da técnica e também as suas dúvidas assim posso te ajudar.

    Conteúdo relacionado: 5 dicas de técnicas de ensino. Assista o vídeo clicando aqui.

    Profissão Docente

    Copyright©, Aldrina Cândido. 

    Enfermeira e Professora de Enfermagem desde o ano 2000, no ensino técnico, superior e pós-graduações, especialista em Formação Pedagógica, Mestre em Gerontologia Social, Doutoranda em Ciências da Educação.

    Publicado 23 de Março de 2023.

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