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O enfermeiro educador

Aprenda a diferença entre Educação em Saúde, Educação em Serviço, Educação Continuada e Educação Permanente e compreenda o papel educador do enfermeiro.

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    O que é Educação?

    O termo educação, conforme definição do Dicionário Aurélio, refere-se a um “conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito”. Apenas por este conceito já se compreende a complexidade que permeia o processo de educação, bem como, se percebe a necessidade de que os educadores sejam pessoas bem preparadas, não somente com conhecimento técnico e científico, mas também, com conhecimento didático e pedagógico para que este processo seja eficaz.

    Esta complexidade se acentua quando este processo de educação visa o desenvolvimento de condições favoráveis para a promoção, manutenção e/ou recuperação da saúde, o que denomina-se Educação em Saúde, entendendo-a como um caminho para resultados bem sucedidos que contribuirão para o bem-estar do indivíduo e da comunidade (SANTOS, 2010). Tal complexidade justifica-se, dentre outros itens, por ser a educação objeto de estudo do campo da pedagogia e, portanto, não ser comum encontrá-la entre os objetos de estudo da saúde.

    Diferença entre Educação em Saúde, em Serviço, Continuada e Permanente

    A Educação em Saúde, “é entendida como um processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população, tornando-se um conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado” (PINAFO et al., 2011, p.202). 

    Diferencia-se, portanto, da Educação em Serviço, da Educação Continuada e da Educação Permanente que, segundo Sardinha Peixoto et al. (2013) são conceituadas da seguinte maneira:

    1. Educação em Serviço: um “processo a ser aplicado nas relações humanas, do trabalho, objetivando o desenvolvimento de capacidade cognitiva, psicomotoras e relacionais, assim como o aperfeiçoamento diante da evolução tecnológica”, o que “contribuiu para a valorização profissional e institucional” (SARDINHA PEIXOTO et al., 2013, p.336);
    2. Educação Continuada: “é definida como um conjunto de atividades educativas para atualização do indivíduo, onde é oportunizado o desenvolvimento do funcionário assim como sua participação eficaz no dia-a-dia da instituição” (SARDINHA PEIXOTO et al., 2013, p.331);
    3. Educação Permanente: “um processo dinâmico de ensino e aprendizagem, ativo e contínuo, com a finalidade de análise e melhoramento da capacitação de pessoas e grupos, frente à evolução tecnológica, às necessidades sociais e aos objetivos e metas institucionais” (SARDINHA PEIXOTO et al., 2013, p.332).  

    Abstrai-se a partir desses conceitos, que a Educação em Saúde constitui-se em um processo educativo que tem como público-alvo a população, a comunidade e/ou de modo particular o indivíduo dentro do seu contexto de vida, enquanto que, a Educação em Serviço, a Educação Continuada e a Educação Permanente visam os grupos de trabalhadores da saúde, e têm como objetivo a melhoria de variados aspectos relativos ao processo de trabalho, incluindo a capacitação destes para a identificação e atuação frente às necessidades sociais, em outras palavras, a capacitação dos profissionais inclusive para realizarem ações de Educação em Saúde.

    O enfermeiro como educador em saúde.

    Considerando este contexto, é mister apontar quem pode ser educador em saúde, assim como, onde podem acontecer essas ações de Educação em Saúde, e ainda descrever frente a que situações se deve educar para a saúde, e por fim, discutir como devem atuar os educadores em saúde refletindo sobre a importância da Educação em Saúde na execução das ações de enfermagem.

    Partindo da compreensão de que a Educação em Saúde é essencial para a promoção de qualidade de vida, subentende-se que inúmeros profissionais, das mais diversas áreas do conhecimento, podem contribuir para a sua realização. Rocha (2013, p.16), chama “atenção para o fato de a educação em saúde não ser de competência exclusiva de uma única categoria profissional; ela deve contar com uma participação multiprofissional e de caráter multidisciplinar”. Corroboram com esta ideia Roecker, Nunes e Marcon (2013, p. 160), quando destacam “que a educação em saúde se configura como uma prática prevista e atribuída a todos os profissionais que compõem a equipe”.

    Comumente encontra-se a saúde como tema da prática educativa, na qual os professores (da chamada educação formal) se responsabilizam pela construção de conhecimentos relativos à saúde. Essa é uma prática necessária, que no entanto, não deve ser de responsabilidade apenas dos professores, mas também de outros profissionais, principalmente dos profissionais da área de saúde, destacando-se dentre eles, o enfermeiro. De acordo com Colomé e Oliveira (2012, p.178), “o enfermeiro tem se constituído como um importante agente de ações educativas em saúde”. No entanto, os profissionais de saúde, dentre eles os enfermeiros, não devem assumir o papel de únicos executores dessas ações, focando na transmissão de conhecimentos sobre saúde e doença para os indivíduos, pois é primordial a participação ativa da população, sendo construído, a partir das suas vivencias o conhecimento sobre saúde, doença e qualidade de vida.

    Segundo Santos (2010), ser-enfermeiro é ter um continuo interesse em colaborar com os pacientes e com seus familiares para que estes aprendam como manter e/ou restaurar a saúde, bem como, a (re)adaptar-se às novas condições de seu estado.

    Em muitos casos, em muitas de suas funções, o profissional de enfermagem atua de forma dinâmica orientando o paciente, promovendo, prevenindo e  recuperando a saúde, utilizando diversas estratégias que possa abranger um meio coletivo através de palestras e programas, ou educar de forma individual, passando informações diretamente para o paciente durante a prestação da assistência em sua consulta (SANTOS, 2010).

    Todavia, sendo o enfermeiro o profissional que tem se destacado como facilitador nesse processo, é importante ressaltar a necessidade de formação destes para serem educadores e não simples transmissores de informações. Na atualidade, a formação do profissional de enfermagem no que se refere à educação possui dois enfoques muito bem definidos e legalmente embasados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Enfermagem (DCN/ENF). O primeiro enfoque diz respeito à capacitação pedagógica para atuar no Ensino em Enfermagem e contribuir para a formação de novos profissionais da área, assim como, colaborar para a formação contínua dos profissionais dos serviços, como descrito no Art. 4º, Inciso VI da Brasil (2001, p.2):

    • Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, mas proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços, inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a cooperação por meio de redes nacionais e internacionais.

    O segundo enfoque, conforme Brasil (2001, p.3-6), enfatiza o desenvolvimento de competências e habilidades socioeducativas que permitam o enfermeiro

    • “planejar e implementar programas de educação e promoção à saúde, considerando a especificidade dos diferentes grupos sociais e dos distintos processos de vida, saúde, trabalho e adoecimento” (Art. 5º, Inciso XXV) e assegurar “a visão de educar para a cidadania e a participação plena na sociedade” (Art. 14º, Inciso III), bem como 
    • “a definição de estratégias pedagógicas que articulem o saber; o saber fazer e o saber conviver, visando desenvolver o aprender a aprender, o aprender a ser, o aprender a fazer, o aprender a viver juntos e o aprender a conhecer que constituem atributos indispensáveis a formação do Enfermeiro (Art. 14º, Inciso VI).

    Fica claro, portanto, a atribuição do enfermeiro enquanto educador e formador, de modo inicial e contínuo, de profissionais, tendo como condição necessária para o exercício de tal atribuição, a formação/capacitação pedagógica, para que essa ação seja exercida de modo eficaz.

    Referências

    BRASIL. Conselho Nacional de Educação Superior. Resolução n.3 de 7 de dezembro de 2001. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf. Acesso em: 24 ago. 2015.

    COLOMÉ, Julianda Silveira. OLIVEIRA, Dora Lúcia Leidens Corrêa de. Educação em saúde: por quem e para quem? A visão de estudantes de graduação em Enfermagem. Texto Contexto Enfermagem. v.21, n.1, p.177-184, Florianópolis, 2012.

    DICIONÁRIO AURÉLIO. [Online]. Disponível em: http://dicionariodoaurelio.com/educacao. Acesso em: 23 ago. 2015.

    PINAFO, Elisangela. NUNES, Elisabete de Fátima Polo de Almeida. GONZÁLEZ, Alberto Durán. GARANHANI, Mara Lúcia. Relações entre concepções e práticas de educação em saúde na visão de uma equipe de saúde da família. Trab. educ. saúde (Online),  Rio de Janeiro ,  v. 9, n. 2, p. 201-221,  2011 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-77462011000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 ago.  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462011000200003.

    ROCHA, Munique Carolina de Jesus. Gravidez na Adolescência: a importância do enfermeiro como educador – proposta de intervenção no Município de Buritis – Minas Gerais. Trabalho de Conclusão de Curso. 2013. Nescon: Biblioteca Virtual. Universidade Federal de Minas Gerais: Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/4170.pdf. Acesso em: 31 ago. 2015.

    ROECKER, Simone. NUNES, Elisabete de Fátima Polo de Almeida. MARCON, Sonia Silva. O trabalho educativo do enfermeiro na Estratégia Saúde da Família. Texto e Contexto em Enfermagem, v.22, n.1, p.157-165, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072013000100019&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 31 ago. 2015.

    SANTOS, Florinda Goreti dos. Educação em saúde: o papel do enfermeiro educador. Webartigos. [Online]. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/educacao-em-saude-o-papel-do-enfermeiro-educador/44521/. Acesso em: 20 ago. 2015.

    SARDINHA PEIXOTO, Leticia et al . Educação permanente, continuada e em serviço: desvendando seus conceitos. Enferm. glob.,  Murcia,  v. 12,  n. 29, enero  2013 .   Disponível em <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1695-61412013000100017&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 23  ago.  2015.

    COMO CITAR ESTE ARTIGO DO BLOG

    CANDIDO, Aldrina da Silva Confessor. O enfermeiro educador. Blog de Educação Enfermagem com Aldri. 2021. Disponível em: https://profissaodocente.aldrinacandido.com/o-enfermeiro-educador.

    Logo iniciais vinho com fundo

    Profissão Docente

    Copyright©, Aldrina Cândido. 

    Enfermeira e Professora de Enfermagem desde o ano 2000, no ensino técnico, superior e pós-graduações, especialista em Formação Pedagógica, Mestre em Gerontologia Social, Doutoranda em Ciências da Educação.

    Publicado 16 de Janeiro de 2021.

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